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sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Boas Novas

Pegadas escrito por Thiago Grulha :

Vi pegadas na areia.
Curioso, decidi segui-las.
Ainda nos primeiros metros, encontrei uma mulher sorrindo. Perguntei: – Estas pegadas são tuas?
Ela mal podia me responder. Estava dançando com sua filha no colo e gritava para o mar calmo: – Ela foi curada!
Tentei acompanhar a sua felicidade, mas fui incapaz de reproduzir aqueles movimentos impregnados de gratidão.
Sorri com ela, mas logo percebi a continuação do rastro.
Continuei acompanhando aquela trilha. As pegadas fascinavam-me e eu não sabia a razão.
Esbarrei em um rapaz. Eu olhava para baixo e ele não tirava os olhos do céu.
Admirava a imensidão e reparava em cada movimento da nuvem. Quase perguntei: – Nunca tinha visto o sol não é?
Aproximei-me e chamando a sua atenção com um breve cumprimento, fiz a única pergunta realmente importante pra mim naquele momento:
- Desculpe-me atrapalhá-lo. Você sabe de quem são estas pegadas?
Ele emocionado, cantou:
- A única coisa que sei é que eu era cego e agora eu vejo!
Tomei um susto quando fui agarrado e jogado pro alto como se estivéssemos comemorando um milagre.
Esquivei-me com um pouco de dificuldade e continuei minha investigação.
Após muitos passos, avistei colina.
Havia gritos por toda parte e a luz perdia seu brilho num ritmo acelerado.

Não consegui enxergar muito bem, mas parecia ter visto uma cruz, na verdade três cruzes.
Senti certo medo, mas as pegadas iam naquela direção.
Encontrei coragem em algum bolso do meu coração e continuei caminhando.
Um homem sangrando dizia:
- Pai. Perdoa-os.
Minha alma foi alcançada por aquelas palavras. Não compreendia nada, mas aquele perdão era pra mim.
Chorei. Quebrantei-me naquele lugar chamado Calvário.
Queria ouvi-lo mais. Contemplei seus olhos de longe e fui sugado para dentro deles. Uma paixão invencível me envolveu.
Queria conhecê-lo melhor. Mas era o fim.
Porém, ao levantar os olhos vi as pegadas. Mas como pode? Ele morreu.
Levantei-me do chão e corri. Corri. Parei em frente a um sepulcro.
Ele estava aberto e mulheres admiradas misturavam lágrimas com festa.
Alguém anunciava: – Ele ressuscitou!
Mas para onde Ele foi? Com encontrá-lo?
Novamente, as pegadas estavam lá.
Animado, percorri o trajeto em minutos.
Encontrei uma mulher com sua filha no colo. Ela gemia de dor porque seu bebê sofria de uma doença terrível.
Abracei-as e também chorei. Lembrei-me do homem na Cruz. Lembrei-me das pegadas. E pensei: – E se ele estiver aqui? Ele venceu a morte, não poderia fazer algo por nós?
Sem saber o que fazia, fechei os olhos e o imaginei do meu lado, tocando aquela vida.
Quando emergi daquele silêncio, a garotinha estava curada.
Sua mãe dançava e gritava pro mar calmo: – Ela foi curada!
Nem pensei em perguntar das pegadas e continuei em frente.
As encontrei. Iam até um homem triste. Falou comigo, mas não ergueu o rosto. Disse que era cego.
Lembrei-me das pegadas. Ele está aqui. Lembrei-me da garota sorrindo. Ele está aqui.
Abracei o moço franzino e choroso. Clamei ao céu. Ele abriu os olhos e viu.
Olhava o firmamento como uma criança que descobre os mistérios de um parque de diversão.
Ele me tomou nos braços e jogou-me pro alto! Quanta alegria.
- Eu era cego, agora eu vejo! Ele cantava a plenos pulmões.
Esquivei-me com cuidado e prossegui.
Cheguei até uma cruz, mas ela estava vazia. Um cheiro de salvação permeava aquele ar.
Continuei caminhando e descobrindo até onde aquelas pegadas me levariam.
Já não era mais eu. Alguém vivia em mim.





Rafaela Marton
Deus abençoa a todos!!!

Um comentário:

Bruna Ferla disse...

Que poema MARAVILHOSO.
Amei Rafa... Deus abençõe.
Beijos